Canto Da Gente (1972)

Durante o ano de 1972 – animados pela vida e impactos da convivência e celebração musical instaurada por organizadores e participantes da 1ª Califórnia da Canção Nativa em Uruguaiana e, em nosso caso, também, pela “salomônico” e gentil acolhimento oferecido à Vida, Cisma e Canto de um Farrapo – atendemos convites para apresentação desta primeira obra de Os Tapes, entre eles, o de Paixão Cortes e Direção regional da OMB do Brasil, no Auditório da sede em Porto Alegre. Logo depois, com Álvaro Barbosa Cardoso Rafael Koller e integrados ao Grupo, entre o primeiro semestre deste ano e a metade do segundo, preparamos Canto da Gente1: tempo de criação, de escolhas e de arranjos de obras escolhidas para realizar nossa primeira temporada, das várias que se sucederão nos anos seguintes, no Teatro de Camara, sempre a convite da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre. Época, também de preparação das músicas que seriam inscritas na Segunda Califórnia da Canção Nativa. Canto da Gente, em mais de uma hora de apresentação, iniciava com Rafael executando, no Bandoneon, una zamba andariega em apoio a recitação que eu fazia. de em espécie de declaração/manifesto2, ou melhor, breve notícia sobre nossa compreensão e relacionamentos com instrumentos, melodias, ritmos, fronteiras, língua, espaço, tempo, etc. Em seus movimentos iniciais e finais, nossas primeiras composições ao lado de Autores Gaúchos e Latino – Americanos. No centro, de Canto da Gente, Vida Cisma e Canto de um Farrapo. A recepção do público em Porto Alegre, estimulou a Secretaria de Cultura de POA a promover mais 05 apresentações entre agosto e setembro, além das 04 programadas para o Teatro de Câmara no mês de julho deste ano.

1 Canto da Gente, integra algumas de nossas primeiras composições, obras de domínio público e de autores gaúchos, nacionais, Sul Americanos. Mais que isso: o fato de iniciar com uma recitação inicial sob o pano de fundo de una zambita andariega e os movimentos dos músicos no palco no início e no fim, mais que incorporar elementos cênicos na apresentação como já ocorrera em Vida Cisma e Canto de um Farrapo, sinaliza, em um texto, rumos, laços e distinções entre vozes do grupo e as dos seus referentes reais ou imaginários. É o que ocorrerá, nos anos que se seguem em metade dos projetos temáticos os quais são inscritas recitações textuais, falas nossas e de outras pessoas, fotos, fragmentos de paisagens, cantos, melodias, execuções instrumentais de quem contribuiu à elaboração de projetos temáticos, destaque para estes casos, de Não Tá Morto Quem Peleia.
2 Em nossas conversas e mateadas reiterávamos a compreensão de um fazer musical sem demarcações de “fronteiras de tempo e língua”. Sobre isso, redigi o texto recitado nas apresentações de Canto da Gente na nossa temporada de estreia no Teatro de Câmara em POA em 1972.

🔈 Áudios já catalogados de apresentações ao vivo de Canto Da Gente, serão disponibilizados à medida que sejam processados.

Em pé: Luis Alberto Koller, Claudio Boeira Garcia, José Cláudio Leite Machado. Agachados: José Waldir Souza Garcia, José Rafael Koller. Tapes/RS – 1973.

Letras

Canto Xucro
Letra: Álvaro Barbosa Cardoso.
Recitação: José Waldir Souza Garcia

(Declamado)
Meu canto xucro
Tem cor da terra
Que o peito encerra
Na foz do tempo
Cruza as montanhas
Descobre as matas
Fala às entranhas
Da minha gente.
Sou Guarani
Não tenho pátria
Ficou perdida
Entre os escombros
E a cruz no ombro
Que não se enxerga
Talvez por sina
Ficou no sino
Triste perdido
Entre as ruínas
Quisera cego
No tempo primo
Ceder meu sonho
A mente surda
Voltar ao bruto
Esquecer a vida
Que foi perdida
Na insana luta

(Canto)
Meu canto xucro
De cor da terra
Perdeu fronteiras
Na força bruta
Mas muitos Sepés
Como bandeiras
Nos quero-quero
O grito se escuta

Recitação
Texto: Claudio Boeira Garcia
Recitação: Claudio Boeira Garcia

Estes versos fáceis
Sem mangueira, sem brete,
Galopeiam repontados por uma gana
xucra de cantar
São canções que carreteiam lembranças distantes
Ou rememoram acontecimentos recentes,
Empoeirados por esses caminhos difíceis
E muitas vezes solitários
Pelos quais passam como estranhos
Gente e acontecimentos do mesmo pago
São canções sem fronteira de tempo e de língua,
Pois que o canto há de ser livre e desalambrado
Como um pássaro que voa,
Canta e pousa em qualquer pago
Estes versos e estas vozes
Galopeiam pelo passado
Rumbeiam por caminhos de ontem e de hoje.
Se misturam com o povo
Sentem e cantam
As penas, as dores, a guerra, a paz
A esperança, o amor, de gente que sempre há de cantar.

Canto da Gente
Álvaro Barbosa Cardoso e José Waldir Souza Garcia

Vou levando minha vida
Em passo de espera
Semente plantada
No seio da terra
Povoa meus sonhos
De quera gaudério.

Canto o canto da gente
Que pode ser crente
Se mesmo perder
Canto o canto da gente
Que lança a semente
E pode colher

Dedilho a viola
Espanto a tristeza
Esqueço meu pranto
E sinto na noite
No cheiro do pampa
O suor da minha gente
Na força do canto

Canto o canto da gente
Que sabe o que sente
Na vida o perder
Canto o canto da gente
Que leva na mente o amanhecer.

La solis pizarro
Guillermo Pelayo Patterson e Adolfo Gustavo Solá.

Lunita gris
Llorando estas
Quien te cantaba se fue lejos
Ya no volverá
Quien te cantaba se fue lejos
Ya no volverá

Dónde se fue, dónde andará
Se lo llevó la noche oscura
Ya no volverá
Se lo llevó la noche oscura
Ya no volverá

Lunita de Atocha
Dale a mi pena un alivio
Que no puedo vivir
Sin sentir su aliento tibio
Se fue cantando noche adentro
Con mi cariño

Nube que vas
Dile a mi bien
Que se marchita con la ausencia
La flor del querer
Que se marchita con la ausencia
La flor del querer

Quien te adoró
No canta más
Se lo llevaron los caminos
Ya no volverá
Se lo llevaron los caminos
Ya no volverá

Lunita de Atocha
Dale a mi pena un alivio
Que no puedo vivir
Sin sentir su aliento tibio
Se fue cantando noche adentro
Con mi cariño

A Simón Bolívar
Ruben Lena

Simón Bolívar Simón
Caraqueño Americano
El suelo venezuelano
Le dió la fuerza a tu voz

Simón Bolívar Simón
Nació de tu Venezuela
I por todo el tiempo vuela
Como candela tu voz
Como candela que va
Señalando un rumbo cierto
De muertos con dignidad

Simón Bolívar Simón
Revivido en las memorias
Que abrió otro tiempo en la historia
Te espera el tiempo Simón

Simón Bolívar razón
Razón del pueblos profunda
Antes que todos se hunda
Vamos de nuevo Simón
Simón Bolívar Simón
En el sur la voz amiga
Es la voz de Jose Artigas
Que también tenía razón

Vida, Cisma e Canto de um Farrapo
Claudio Boeira Garcia, José Cláudio Leite Machado e Waldir Garcia

… O que eu sei, eu sei. O que não sei, amanhã virá. Do que fiz, não me arrependo. Hay tempo para tudo: pelear, cantar, dançar e chorar… De menino, vi peleia, frangote participei. Da vida aprendi aprendendo, e hoje tenho comigo: destino é o povo que faz! Sei que homem não é como gado, sei sim, que só morre quem não sabe porque tropeia, lavra, planta e peleia. Viver é bom, mas se o destino aparenta ruindade, largo tudo, prenda, terra e gado. Afio lança, encilho pingo, nado rio, salto montanha, cruzo mato, arrisco tudo, se o pampa se clareia e a ruindade se afastou, volto pro meu pago. Curo as feridas, afago a prenda, abraço o filho, a planta cresce e o gado engorda.
Nas minhas andanças guerrilheiras das quatro pontas do pago, muitos gaúchos conheci, e uns e outros que pensavam em voz alta pra todo o pampa, o que eu só sei dizer pra mim: Ah, campos de Vacaria, encontro de tropas de Bento e João Antônio e Canabarro. Muitas vezes, cavalgando de entrevero a entrevero, eu cismava olhando o céu estrelado, e numa mistura de saudades da querência com a alegria de estar peleando, ria baixinho para mim mesmo, dizendo dos chefes: o palavrear não é o mesmo, mas o pensar… tá parelho.
Um dia, me lembro bem… Corria o ano de 38, Amaral, farrapo de instrução, leu um palavrear para o povo todo e para quem quisesse ouvir o que o povo pensava.
Lhes garanto que era verdade, os imperiais não queriam o bem da província. Na assembleia há poucos anos criada, os representantes de São Pedro discutiam. Bento, do povo deputado, com outros foi acusado de tramar com Lavalleja, Gaucho Bueno de muita coragem e fama, a guerra contra o império.
Os do Rio Grande se apartaram nas discussões… uns diziam que tudo se resolve.
Basta correr dos campos do Rio Grande o tal de Fernandes Braga, o intriguento irmão Pedro Chaves acolherados com o chefe das armas.
Feito isso, colocado no governo homem do nosso agrado e respeitador dos nossos interesses. Dito e feito, das Pedras Brancas, Bento dirige e a 19 de setembro, a capital já era nossa.
Com Braga corrido para Rio Grande, o povo em todo o pago festeja e diz: “Agora tudo melhora!” Os impostos e as taxas vão baixar, gado e campos estragados nas lutas do Prata se arrumam. Os produtos do pampa serão vendidos a preço justo, já ouço a gaita e a viola. Vai haver fandango grosso. Os imperiais vão compreender que a província quer respeito.
Nada feito!
Bem razão tinham os que achavam que remendo não servia. E que bem já era hora de despedaçar a canga imperial. Era preciso galopear adiante. Ou o império muda, ou São Pedro mais uma vez afia as lanças e se defende. Bento Araújo, deputado geral dos pagos que o povo representava nas bandas do Rio de Janeiro, foi escolhido para novo governador. Prá Porto Alegre não veio, ficou lá no Rio Grande, onde o governo assume, desprezando a assembleia da capital, e o povo representado. A trama logo é entendida e o povo grita: Dois governos para o Rio Grande é demais! Agora o povo mostra quem é gado e quem é gente.

Canto Primeiro

Se a honra vale mais que a vida
Por ela estarei peleando
Se o pago de São Pedro precisa
Por ele estarei lutando.
Por gosto sou confederado
Empunho o sabre e a lança
E de entreveiro a entreveiro
A canga do império balança
Peleio não por prazer
Mas por motivos sem conta
Pois pago não é tapera
Nem gado que se reponta.
A vida tem rastro certo
Pro gaúcho galopear
E tenho por pensamento
A prepotência esporear
Espero chegar a vitória
O jugo dos pagos findar
Ao som da gaita e viola
De novo com a prenda dançar.
Lá vai o gaúcho guapo
De novo o zaino encilhar.

O novo chefe das armas, Bento Manoel, que nas armas respeito, mas no pensar escangalho, se passa pros imperiais, mas chefe pro povo tem miles, já aí está Lima & Silva comandando as armas confederadas. Depois dos entreveros de outubro em Arroio Grande, a peleia se espalha por todo o pampa. Se uma batalha e a prisão de alguns chefes, decidisse a derrota do povo, já de início os imperiais teriam ganho a guerra. Pois que em boa e planejada armadilha, a marinha imperial, e as tropas de Bento Manoel enredam a valorosa e importante tropa farrapa.

Canto Dois

No barulho da tropilha
Solta macega e poeira do chão
A bagualada carrega tropa
Pras bandas sul do rincão
Notícias de Antônio Neto
Retumbam como um trovão
Rio Grande já é República
Do império a separação
Ato de grande importância
Por todo o pampa falado
Bento galopa pra lá
O cerco é levantado
Mas astuto Bento Manoel
E a imperial esquadrilha
Tropa e Bento enredam
Em infernal armadilha
Chora de sangue Guaíba
O cerco é mais apertado
Resistem os Farroupilhas
Há morte pra todo lado
Três dias de brava luta
De boca acordo é firmado
Larguem de armas os Farrapos
Ninguém será aprisionado
O trato não é cumprido
Bento e chefes aprisionados
Levados para o Rio
Das plagas e povo afastados
Enganam-se os imperiais
A luta não vai terminar
Maneia-se um guapo do povo
Mas sobra ideal pra lutar
Do Rio para a Bahia
Como bandido tratado
Pra liberdade há um preço
Alguém tem que ser cobrado
Fuga e perseguição
Nos pagos está novamente
Afago, churrasco e cantiga
Voltou nosso presidente.

A derrota e prisão de tão importante chefe, não abateu o ânimo do povo da província, e a peleia se espalhou mais dura ainda por toda a São Pedro, a vantagem foi de légua pros federais, se o sangue de São Pedro, fosse o único preço capaz de resgatar a honra e respeito de nossas prendas, filhos, campos e gado, ele seria pago, e correria em rios e só deixaria de correr quando a canga da exploração e desrespeito fosse atirada longe.
Aconteceu assim, o pampa se defendeu e sentiu de canto a canto, o tremor dos combates.
A tática farrapa, consistia em atacar dispersamente o inimigo em diversos lugares. A cavalaria era praticamente a única arma que se movia com a rapidez de um raio, na sua frente espalhava a resistência por toda a província, gaúchos que o Rio Grande jamais iria esquecer, ali na frente do combate estão: Antônio Neto, Bento Gonçalves, Pedro Soares, Lucas de Oliveira, Gomes Jardim, Onofre Pires, Tito Zambecari, David Canabarro, Lima & Silva, Antunes da Porciúncula, Antônio da Silveira, e miles de outros que tombaram ou que viveram para orgulho e liberdade dos pagos em que nasceram, e o grande Garibaldi, que liberdade por pátria escolheu, muito esclarece Bento, na prisão do Rio de Janeiro, é ele que organiza a marinha, arma estranha para a província, mas de grande valia.
Não há canto de São Pedro, que não estremeça com os cascos da cavalhada e não ensurdeça com o tinir das lanças em luta, de boca em boca, de ouvido a ouvido, se espalha a procissão de lugares e combates: combate do Arroio Grande, Faxinal do Viamão, Mostardas, Arroio dos Ratos, Lagoa Cajubá, Seival, Fanfa, Rio Pardo, Fragata, Caçapava, Espinilho, Triunfo, Dores do Camaquã, Petim, São José do Norte, Poncho Verde. A peleia continua dura, passa dia, mês e ano sem que haja entendimento entre os imperiais e os republicanos do Piratini. No pampa, as condições de luta, endureciam cada vez mais, o armamento que vinha das bandas da Argentina e Uruguai era dificultoso e pouco, deixando o povo quase sem armas. O frio e o inverno dos pagos, açoitava as tropas sem agasalho, e até pelego cru teve que servir de abrigo contra o minuano. Nos campos, gado e plantação devastados, e de longe em longe, o choro das viúvas e órfãos. Mesmo com toda esta praga de males, o coração de cada republicano gritava: Altaneiro! Ou se trata com respeito e justiça o Rio Grande, ou ele combate até que o sangue do último farrapo corra no campo de luta. E o império sentiu que era preciso mudar, e outro Lima e Silva, sobrinho do bravo farrapo no campo de luta caído, entende que só com justeza e diplomacia se começaria a pensar em paz. E a paz foi feita, nos campos do Poncho Verde, o império se compromete a respeitar as exigências do pago. E volta ao império não submisso, mas de igual para igual, do Brasil na verdade nunca quis definitivo afastamento.

Canto Terceiro

A paz voltou pra São Pedro
E o convívio com a nação
Lima e Silva, o intermediário
Da reconciliação

Do povo será o governo
A opressão terminará
Campos serão replantados
E a alegria voltará

Nove anos de luta
Pensamento tenho tirado
Desrespeito é bagual xucro
Que deve ser domado

Tudo por que se lutou
O império respeitará
Com mate, churrasco e fandango
O pago festejará

A vida é uma carreira
Ninguém deve andar maneado
Para correr há Pampa para todos
Ninguém galopeia enredado

É preciso que se cante
Mesmo se o pampa escurece
Gaúcho cante e dance sempre
Depois da noite, amanhece

O sabre e a lança afiados no galpão estão jogados
E o Brasil de ponta a ponta já está pacificado
Que o sangue derramado
Sirva de ensinamento
Na luta do injustiçado
Sempre surge um bom momento

Gurizito
Claudio Boeira Garcia

Gurizito te garanto
Homem grande pareces
Em sereno de madrugada fria
Pés nus, queixo tremendo
Calça curtita, de remendo
Pra canga a boiada trazendo

Teu grito é decidido
Teu olhar é muito duro
Teu pensar não é menino

Gurizito te garanto
Homem grande pareces
Em calor no duro corte
No arroz que vais ceifando

Sangre Ranquel
Roberto Palmer e P. De Ciervi

Meteré por el rumbo de la sangre
La sabia oscura de mi vieja raza
De una raza perdida en el ocaso
De un tiempo sin retorno ni distancia

Del indio que galopa por mis venas
Desde el fondo caliente de mi entraña
Me sacude a chezazos el pellejo
Se vuelve alarido en mi garganta

Ranquel
Mi grito se pierde por la inmensidad
Detrás de la sombra de calpucura
Buscando mi raza detrás del silencio
Por las rastrilladas oscura del tiempo
Del tiempo caliente de muerte y terror
De luchas salvajes de sangre y valor
Los huincas ya viene a sangre y fusil
Hechando mi pueblo detrás del confín
El viento sacude por la inmensidad
Sufreia mortaja de arena y sal
Mi raza se pierde por la eternidad
Detras de la sombra calcupura

Barqueiro
Claudio Boeira Garcia

Barqueiro da lagoa grande
Tão bela como o mar
Teus dias nos braços das ondas
Nas noites as areias
Um leito de amor

Barqueiro das lagoa grande
Que fala e sabe escutar
Companheira dia e noite constante
De quem traz por sina
Navegar e pescar.

Camino Al Iguazu
Acho Manzi

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Teatino
Claudio Boeira Garcia

Eu canto as lembranças
A viola acompanha
Que buena é a herança de campo e arado
Prá quem teve pago
Mas não para mim
O pai de além mar
A mãe Guarani

Foi herança do pai
Foi herança da mãe
Pelear sem querer, sem compreender
Prá que tanta morte por que tanta dor

Nas lutas de outrora
Peleei por pelear
Por diferençar, que homem sangrado
Não é como gado
Não vou lhe enganar
Peleei sem bandeira
Sem ódio ou amor

Foi herança…

Canto Guarany / Funeral Guarany
Álvaro Barbosa Cardoso, José Waldir Garcia e José Rafael Koller

Não canto pra gente
Que ouve e não sente
Meu grito de guerra
Forjado na terra
Meu sonho criolo

Nas vozes de índio
Selvagem canção
São sombras que gemem de brava nação
Cidades e campos, restaram ruínas
Restos de um povo
Amor disciplina
Canção de um índio morto

(Declamado)
De amor pela terra
A guerra nasceu
Sem ela sou nada
Meu povo morreu
Canção de um índio morto…