Canto da Gente II e Temas de América Andina e Pampeana (1975/1976)

Entre os anos de 1972-1974, nosso repertório registrado nos álbuns da Califórnia da Canção Nativa entre os anos de 1972-1975, no projeto Canto da Gente de 1972, em apresentações ocorridas nesta época, confirmam o lugar central que temas da planície costeira, dos pampas e dos andes ocuparam em nossos primeiros projetos. Canto da Gente II e Temas de América Andina e Pampeana, segue este rumo. A primeira parte, contempla temas afinados com os dos projetos anteriores, na segunda abordamos obras do cancioneiro da Bacia do Prata e dos Andes, incluindo poemas do Cubano Jose Marti e do Chileno Pablo Neruda. Nesta escuta e diálogo musical, criamos e adaptamos alguns instrumentos de sopro e de percussão. Temas de América Andina e Pampeana, nasceu sob feliz conjunção de antecedentes, acasos e motivações: Tapes, relativamente próxima às fronteiras uruguaias argentinas, facilitou que, desde meados da década de 60, obtivéssemos obras literárias e musicais de compositores e intérpretes referenciais desses dois países e, também, do Paraguay, Bolívia, Chile e Peru. Obras que contribuíram, para animar tertúlias literárias e musicais, realizadas entre outros locais, em minha livraria/casa e no galpão de Waldir Garcia. A repercussão disso, em nossa obra está manifesta em Canto da Gente (1972). Laços com o cancioneiro dessas Nações foram ampliados para todo o grupo e para Tapes, com nossa viagem Cosquin em 1974 e, sobretudo, com a casual e extraordinária visita que, sem hesitações, se fez quase que instantaneamente em convite. aceite e parceria indelével entre os Tapes e o jovem casal de Músicos de La Plata (Argentina) Miguel Angel Aquilano. Miguel (Arranjos para vozes e instrumentos) e Stella Maris Raimondo (Língua Espanhola e apoio à atividade de Miguel). De acasos, afetos e sentimentos cosmopolitas, advieram, ânimo e energia, para que, nos inícios do mês de junho de 1975, empreendêssemos, com parceria de Miguel e Stella:  Canto da Gente II e Temas de América Andina e Pampeana. A primeira, com composições nossas criadas entre os anos de 1972 e 1975 a segunda, com parceria de Miguel e Stella.

🔈 Áudios já catalogados de apresentações ao vivo de Canto da Gente II e Temas de América Andina e Pampeana, serão disponibilizados à medida que sejam processados.

Letras

Cruz de Sal
Álvaro Barbosa Cardoso e Manoel Acy Terres Vieira

Temporal dobrando talos
Deita, sofre os arrozais
Santa Bárbara
São Jerônimo

Pobre homem ao descampado
Busca abrigo ao tempo brabo
Santa Bárbara
São Jerônimo

Cruz de sal
Em mesa tosca
De mulher que faz reforço
Proteção contra os mandados
Santa Bárbara
São Jerônimo

Temporal passando ao largo
Volta o homem
Cruz de sal
Que perde a forma
Entre o sal, terra molhada

Toda Manhã
Cláudio Boeira Garcia, Jorge Luiz Ferreira, José Júlio Prestes, Manoel Acy Terres Vieira

Não traz o sal
Que a manta foi
Pro outro lado
Dos areais
Eu vou voltar
Toda manhã
Tainha, pão
Bagre, café
Pra todos os filhos
Pra minha mulhé

Água, Areia e Cerro
Cláudio Boeira Garcia

Cantor dos pagos porque carrego
Os verdes campos no meu olhar
As brancas praias de minha lagoa
Maduros cachos dos butiazais
Subindo cerros
Encontro as fontes
De águas limpas que nascem lá
Nas tristezas a brisa me afaga
Os amores a terra me dá
Matear as cores que madrugada
Mistura a serra ao entardecer
Saber que o mundo que é tão grande
Tá bem pertinho do meu viver

Velho Menino Velho
Cláudio Boeira Garcia

Velho descia o cerro
Menino subia lá
Velho colhendo flores
Menino vinha plantar
Velho era boa noite
Menino sempre bom dia
O velho parava um pouco
Mas nunca lhe respondia
O velho só enxergava
A cor no olhar do menino
Menino não desconfiava
E o verde ia surgindo
O velho se sabe velho
O velho é sábio menino
Os montes vão te ensinar
Ser velho, sábio menino
Rolaram as madrugadas
No rumo do entardecer
Mas não morrerão os dias
Que as noites nos vão trazer

Menino de Sacola
Manoel Acy Terres Vieira

Menino de sacola
A tiracolo, vai à escola
Não terá a vida do pai
Não será peão
Mãe remendando
Pai no arado
E o menino a estudar
Um mais dois são três
Três mais três são seis

Rosinha ou Jura de Casamento
Cláudio Boeira Garcia e Manoel Acy Terres Vieira

Rosinha minha prenda
Não chores desse jeito
Vou casar contigo
O rancho já está feito
É por pouco tempo
Pra quê juramento?
Dá-me mais um beijo
Afoga teu lamento.

Rancho da Estrada
Airton Pimentel

Tenho meu rancho na beira da estrada
Tropeiro que passa sempre faz pousada
Tenho cana boa
Viola chorona
Que marca o compasso
Pra velha cordeona
Falece a tarde
Naquelas quebradas
Trazendo a noite
Bela enluarada
Valentes tropeiros
Vêm da invernada
Tocando a tropa
Rumo a charqueada
O dia amanhece
Canta a passarada
Uma prece serena
Chora a madrugada
Desperta o tropeiro
Para a retirada
Levando saudades
Do rancho da estrada

Continente Americano
Cláudio Boeira Garcia

Continente Americano
Coração gosto de sal

Quantas noites de esperança
Quantos séculos de distância
Que o irmão não diz bom dia
Que a mãe não vive em paz

Continente Americano
Coração Gosto de sal

Eu sonhei com toda América
Irmã gêmea, muito igual,
Acordei mal humorado
Com a verdade desigual

Continente Americano
Coração gosto de sal

Nesta pele, multicor
Neste ventre, mineral
Nos calores do aconchego
Ouço um grito matinal

Continente Americano
Coração gosto de sal

Nendivei
Sossa Cordero e C. Montebrun Ocampo

Nendivei, che nendivei
He de repetirte mi fiel purhajey
Nendivei vivir así
Es lo que ambiciono, mi cuñataí
Nendivei, feliz yo soy
Todo es dulce y grato si a tu lado estoy
Del amor soy rey
Mientras puede repetirte che nendivei
Los sones de mi guitarra durmiendo están
De pronto para cantarte despertaram
Y bajo la clara luna de “Taragüi”
Sussuros de serenata se harán por tí
La noche blanca de hazares perfumara
La trova que en tu ventana florecera
Y loco atras de tus besos mi purhajey
Te ira repe tiendo siempre che te nendivei
Pasionaria en flor mi murucucha
Se escucha el clamor de mi paraca
De que su sentir no admite otra ley
Sino repetirte che te nendivei
Che nendivei
He de repetirte che nendivei

Soneto 93
Pablo Neruda e Cesar Isella

Si alguna vez tu pecho se detiene
Si algo deja de andar ardiendo por tu venas
Si tu voz en tu boca se va sin ser palabra
Si tus manos se olvidan de volar y se duermen
Matilde amor deja tus labios entreabiertos
Porque este último beso deve durar comigo
Debe quedar imovil para siempre en tu boca
Para que así también me acompañe en mi muerte
Me moriré besando tu loca boca fría
Abrazando al racimo perdido de tu cuerpo
Y buscando la luz de tus ojos cerrados, de tus ojos cerrados
Y así cuando la tierra reciba nuestro abrazo
Iremos confundidos en una sola muerte
A vivir para siempre la eternidad de un beso
Matilde amor, Matilde amor, Matilde.

Juana Azurduy
Ariel Ramírez e Félix Luna

Juana Azurduy, Sol del alto Perú
No hay otro capitán más valiente que tú
Oigo tu voz más allá de Jujuy
Y tu galopa audaz, Doña Juana Azurduy
Me enamora la Patria en agraz
Desvelado recorro su faz
El español no pasará
Con mujeres tendrá que pelear
Juana Azurduy, sol del alto Perú
no hay otro capitán más valiente que tú
Truena el cañon, prestame tu fusil
Que la revolución, viene oliendo Jasmin
Tierra del Sol en el alto Perú
El eco nombra aun a Tupac Amaru
Tierra en armas que se hace mujer
Amazona de la libertad
Quiero formar en tu escuadrón
Y el clarín de tu voz apagar
Truena el cañon, prestame tu fuzil
Que la revolución viene oliendo a Jasmin

Canción Para Despertar Un Negrito
Nicolás Guillén e Cesar Isella

Una paloma cantando pasa
Upa mi negro que el sol abrasa
Ya nadie duerme ni esta en su casa
Ni el cocodrilo ni la yeguaza
Ni la culebra ni la torcaza
Coco cacao, cacho cachaza
Upa mi negro que el sol abrasa
Negraso venga con su negrasa
Aire con aire que el sol abrasa
Aire con aire que el sol abrasa
Mire la gente, llamando pasa
Gente en la calle, gente en la plaza
Ya nada duerme ni esta en su casa
Negro, negrito, ciruela y pasa
Salga y despeirte que el sol abrasa
Diga despierto lo que le pasa

Cholas Y Cholitos
Anônimo Recolhido por Jaime Torres e Ariel Ramirez

Ya llegan las fiestas de los carnavales
Se dijo alegrar-se curar-se los males
Cholas y cholitos bailan muy contentos
Declaran la guerra, declaran la guerra
A los sufrimientos
Bom bom bom suena el bombo
Er er er suena el erque
Huy huy huy suena el violin
Todos a cantar, todos a bailar
Hasta desmayar
Se ha perdido un niño en la muchedumbre
Comerse las uñas tiene por costumbre
Cholas Y cholitos lo andaran buscando
Pantalones cortos, pantalones cortos
Calzoncillos largos.

Tropero en Sombra
Serafim J. Garcia e Cesar Isella

Resuejo del monte cuajado en coraje
Altivo o aletazo de la libertad
Ceibo endurecido de macheses gauchas
Que solo la muerte consigue ablandar
Tuviste por cama los pastos del monte
Por techo el ramaje del coloniyal
Fue arrullo tu sueño el canto en los rios
y el silvo en los vientos entre el flechuyal
Tropero en sombras, domador de sumbos
Patron de orizontes, baqueano audaz
tu vida fue un libre polido de cardos
surciendo distancias sin nunca anidar
Y cuando cruzaste trayendo la noche
Se hincho el campo lomas para verte pasar
Chisto la lechuza, llaron los tigres
Y los cimarrones dejaron de aullar
Pa vos lució el alba sus pilchas rosadas
Pa vos abrió flores, punzo el zucaral
Pa vos muchas noches la luna mimosa
Delante de tu fleje se vino a sentar

Caminito Del Indio
Atahualpa Yupanqui

Caminito del indio
Sendero coya sembrao de piedras
Caminito del indio
Que junta el valle con las estrellas
Caminito que anduvo
De sur a norte mi raza vieja
Antes que en la montaña
La pachamama se ensombreciera
Cantando en el cerro
Llorando en el rio
Se agranda en la noche
La pena del indio
El sol y la luna
E este canto mio
Besaron tus piedras
Camino del indio

Candombe para Jose
Roberto Ternan

En un pueblo olvidado, no se porque
Su danzar un moreno me dejo ver
En el pueblo lo llamaban negro José
Amigo negro José
Con mucho amor candombea el negro José
Tiene el color de la noche sobre la piel
Es muy feliz candombeando dichoso el
amigo negro José
Perdoname si te digo, negro José
Eres diablo pero amigo, negro José
Tu futuro vá comigo, negro José
Yo te digo porque sé
No tiene ninguna pena al parecer
Aunque las penas te sobran, negro José
Pero en el baile las dejas, yo se muy bien
Amigo negro José
Llenas de amor las miradas, cuando al bailar
El tamboril de sus ojos parece hablar
Si su camisa endiablada quiere saltar
Amigo negro José.

Coplas de Martin Fierro
José Hernández

Aqui me pongo a cantar
Al compás de la vigüella
Que l hombre que lo desvela
Una pena extraordinária
Como la ave solitaria
Com el cantar se consuela

Cantando me he de morir
Cantando me han de enterrar
Y cantando he de llegar
Al pie del eterno padre

Yo no tengo en el amor
Quien me venga com querelas
Como estas aves tan bellas
Que saltan de rama en rama
Yo hago em el trébol mi cama
Y me cubren las estrelas

Que no se trabe me lengua
Ni me falte la palavra
El cantar mi gloria labra
Y poniendo me a cantar
Cantando me han de encontrar segue; gentileza e gargalhadas
Aun que la tierra se abra